Dois médicos clínico gerais da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) em Santa Maria pediram o desligamento das atividades esta semana. A informação é confirmada pelo administrador da UPA, Rogério Carvalho. Segundo ele, a unidade está perdendo profissionais em função das agressões e ameaças dos pacientes.
_ Dois clínicos gerais já pediram rescisão de contrato, mas há muitos profissionais, não só médicos, que falam em pedir demissão caso a situação não mude. Alguns pediram para ser afastados dos plantões em função, principalmente, das agressões que a equipe tem sofrido. Alguns profissionais tiveram apenas a diminuição da carga horária, mas estão todos apavorados com as ameaças. Estou preocupado com a integridade física deles _ afirma Carvalho.
Na semana passada, uma possível demora no atendimento resultou no registro de uma ocorrência policial. Uma mulher que aguardava consulta teria invadido a área de triagem e agredido uma enfermeira. A unidade registrou o fato por desacato a funcionário público.
Nesta quarta-feira, Carvalho alegou que as hostilidades à equipe médica teriam começado após a divulgação na imprensa da informação de que os médicos estariam dormindo durante o plantão. Desde então, conforme Rogério, os profissionais relataram receio em continuar trabalhando.
_ Tem pessoas que agridem verbalmente, que jogam os documentos na recepção, tem até pessoas que quando o médico está indo embora saem atrás para xingá-lo. Não significa que se um médico está indo embora as pessoas não serão atendidas > conta Carvalho.
Atualmente, quatro clínicos gerais e dois pediatras fazem parte do quadro médico da UPA, mas as escalas não sofreram alterações, pois os médicos ainda não foram desligados da unidade. Conforme Rogério, a demora no atendimento é ocasionada pelos casos que não sejam de urgência ou emergência.
_ Algumas pessoas vêm até aqui para tratar de casos que poderiam ser resolvidos nas unidades básicas de saúde. No entanto, os pacientes não entendem isso. Nós trabalhamos apenas com a urgência e emergência, mas com as constantes ameaças aos médicos, eles acabam atendendo, e o atendimento a esses casos acaba sobrecarregando nossa capacidade _ explica.
Pacientes passam por triagem
O coordenador médico da UPA, Vivakanand Satram, explica que a unidade segue o Protocolo de Manchester, padrão de classificação de risco. De acordo com a classificação, o paciente será a prioridade no atendimento. Pessoas classificadas como não urgentes acabam esperando mais tempo, já que a prioridade são para os casos de urgência e emergência.
Os casos que não são emergência deveriam ser atendidos em postos de saúde, afirma a secretária de saúde, Vânia Olivo. Segundo ela, na metade deste ano, iniciou-se um trabalho para evitar o excesso de demanda nas unidades de emergência. Os que não são classificados como risco são encaminhados para os postos de saúde.
Ainda em construção, a iniciativa prevê uma reserva de vagas para o PA do Patronato, da Tancredo Neves e UPA, mas segundo a secretária, a maioria dos pacientes não quer ir para os postos de saúde:
_ Nós trabalhamos com as normas de classificação que são de acordo com o Ministério da Saúde. Os que são encaminhados para os postos não precisam entrar em filas, mas a maioria não quer. Nós temos que trabalhar, e a comunidade tem que cooperar, porque não são os usuários da urgência e emergência "